Inspirador. É essa a palavra que resume esse filme. Moxie é um filme inspirador e tão necessário. Há muitos filmes e documentários que mostra a luta feminista, mas Moxie é um filme ao nosso alcance. Que fala com a galera jovem, que tem uma linguagem mais informal, e que abraça a diversidade de diferentes modos de lidar com militância.
O filme apresenta diversas situações do dia-a-dia que são extremamente desconfortáveis e que totalmente machistas e patriarcal. E temos a personagem principal, Vivian (Hadley Robinson) que assim como muitas de nós, está acostumada com aquele tipo de ação, até a chegada da aluna nova. Mulher, preta e ativista, a Lucy (Alycia Pascual-Peña) é a garota que chama atenção de Vivian por questionar e por não abaixar a cabeça para questões do machismo e de assédio que sofre na escola.
Vivian então começa notar as coisas da forma como ela realmente é: falta de respeito e machismo. Michell (Patrick Schwarzenegger), o garoto popular (o famoso macho hétero escroto) que desrespeita as minas, os colegas que assediam outras meninas, porque elas estão listadas em “padrões” (aquelas listas ridiculas que enquadram meninas como melhores peitos ou melhores bundas, ou as mais “pegáveis”). A diretora da escola (Marcia Gay Harden) que toma uma atitude absurda com uma aluna por usar blusa de alcinha, só porque ela tem um busto mais avantajado, mandando ela pra casa “porque não deve distrair os outros alunos com seus “atributos””, ou pior ainda, questionando a veracidade de uma denúncia, porque “é muita burocracia se realmente for uma situação de assédio”.
Ao ver tudo isso, Vivian se incomoda, e inspirada pela história de vida de sua mãe, que quando jovem também foi protestante, ela cria de forma anonima o MOXIE, um movimento que inspira as alunas se juntarem em protestos na escola para que atitudes como as citadas a cima venham então a ser questionadas.
O longa não apresenta apenas as mulheres mais ousadas, mas abraça a diversidade de personalidades. Viviam apesar de ser a criadora do movimento, não é a que necessariamente toma a frente. Isso ela deixa para Lucy que tem o espirito de liderança. Carla (Lauren Tsai), é uma garota completamente introvertida. O que muitos pensariam que é desdem pela causa, na verdade é só uma forma de lutar que é diferente. Ela não precisa estar a frente, para mostrar que luta pela causa. E temos também Emma (Josephine Langford), a garota que vive dentro dos padrões, e que todos pensam que é uma daquelas garotas que reproduz situações machistas, quando na verdade ela é uma das principais vitimas, e no fim se mostra tão guerreira quanto todas as outras.
É esse mister de personalidades que torna o filme ainda mais ricos. Além de mostrar a causa e formas de fazer a diferença, também conta que existem tipos diferentes de pessoas e que todas elas, lutando à sua maneira pela mesma causa é o que importa.
Além das personagens, temos o Seth (Nico Hiraga). Ele é a representação de que o feminismo não é só para as mulheres. Ele é para todos, e principalmente inspira outros garotos a se juntarem a causa. O feminismo prega a igualdade de gêneros, isso significa que homens que entendem que o sistema é patriarcal e se junta na luta por justiça e equidade é mais que bem vindo.
Moxie: quando as garotas vão à luta é exatamente o filme que precisavamos para nossa geração. Saber que muitas meninas e meninos, e famílias se inspirarão depois de vê-lo já torna meu dia um pouco melhor. Que essa causa, que essa luta, que esse movimento chegue longe, e que outras gerações, assim como nós, usufuam e continuem a lutar por direitos de igualdade.